quarta-feira, 13 de abril de 2011

FÉ E OBEDIÊNCIA

Deus diz a Abraão: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas… oferece-o ali em holocausto” (Gênesis 22.2). Observe a ênfase. Não foi um pedido ou uma gentileza. Foi uma ordem direta e objetiva, sem espaço para argumentações ou queixas. E Abraão obedece sem titubear: imediatamente se levanta, ainda de madrugada, toma dois servos e seu filho Isaque, corta a lenha e parte para a terra de Moriá (Gn 22.3).


Somente no terceiro dia de viagem ele vê de longe o lugar indicado por Deus para o sacrifício. A Bíblia não relata o que houve nesses três dias. Fico com a possibilidade do silêncio. Não que eles não tenham conversado durante o percurso, mas creio que Abraão preferiu se calar a respeito de sua dura missão. Talvez para poupar o filho. Talvez para não falar o que não devia sobre o que ainda tentava compreender.


Aos servos é dada uma incumbência: “Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós” (Gn 22.5). Abraão estava certo de que retornaria com seu filho. Ele havia recebido uma promessa e pela fé considerava que “Deus era poderoso para até dentre os mortos [seu filho] ressuscitar” (Hebreus 11.18).



Isaque, crescido o bastante para carregar a lenha (Gn 22.6), estranha o fato de não levarem animal algum ao lugar do sacrifício: “…onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22.7). Abraão responde de pronto: “Deus proverá” (Gn 22.8). Tendo preparado tudo, Abraão amarra o seu filho e o deita sobre o altar em cima da lenha (Gn 22.9).


O jovem Isaque era forte o bastante para levar a lenha, atento para perceber a ausência do animal para o sacrifício e bem inteligente para reconhecer que ele mesmo era o sacrifício àquela altura dos acontecimentos… Por que então permitiu ser amarrado e colocado no altar? Por que não fugiu? Por que não clamou aos dois servos por socorro? Por que não lutou por sua vida?


Abraão deu o melhor que tinha. Isaque deu a si mesmo, porque confiava em seu pai e no Pai da Eternidade. Fé e obediência são dois lados de uma mesma moeda: Confiar na Palavra de Deus e seguir o que Ele determinar, ainda que esta Palavra seja: “Anda sobre as águas” ou “Continue em frente, o mar se abrirá”. A obediência é provada também no silêncio entre a ordem dada e o cumprimento das promessas. Deus proveu o cordeiro (Gn 22.13). Ele sempre proverá o que precisamos quando confiamos Nele (Gn 22.14).


Passados estes acontecimentos, a Bíblia relata que Abraão recebe boas notícias: Naor, seu irmão, teve oito filhos e alguns netos (Gn 22.20-23). Uma destas crianças é Rebeca, que depois vem a ser esposa de Isaque. Os planos de Deus para nós são planos de paz e não de mal, para nos dar esperança e um futuro (Jeremias 29.11).


Você pode estar atravessando circunstâncias adversas por causa do chamado de Deus. Você pode estar sendo provado agora mesmo.


A provação é um tempo de enfrentarmos medos, de nos calarmos e abrirmos mão do que gostamos. Às vezes nos vemos amarrados, colocados como sacrifício no ministério, na vida profissional, na vida interior; aparentemente injustiçados e um tanto perdidos. Tenha em mente que a fé implica em obediência, e a obediência é um ato de fé. Deus proverá tudo o que você precisa. Confie Nele. Espere Nele. Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8.28).


Autor:
Luciano Motta

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